Em memória de Gustavo Branco.
Perder um irmão é perder uma parte de si. E quando essa perda acontece duas vezes, de formas diferentes, o vazio deixado não encontra consolo apenas silêncio, raiva e saudade. A história de Sindri e Brok não é apenas sobre ferreiros lendários, mas sobre o peso de laços fraternos quebrados e o luto que "forja" cicatrizes mais profundas do que qualquer lâmina.
Sindri e Brok sempre foram opostos complementares. Brok era a força bruta, o impulso. Sindri, a cautela e o cálculo. Juntos, criaram armas lendárias como o Mjölnir e o Leviatã, mas o que realmente construíram foi uma relação que resistiu ao tempo, à morte... e quase aos deuses.
Mas essa relação, por mais forte que fosse, já vinha marcada por uma cicatriz antiga: a primeira morte de Brok.
Em um passado não muito claro, Brok morre. E Sindri, incapaz de aceitar a ausência, arrisca tudo para trazê-lo de volta. O faz, mas ao custo da alma completa de seu irmão.
Brok retorna diferente: sua pele azulada, sua essência fragmentada, sua memória incompleta. Um eco do que foi.
E Sindri carrega a culpa. Porque amar é isso: tentar proteger mesmo quando isso fere. Mesmo quando a pessoa volta, mas já não é inteira.
Essa perda silenciosa nunca foi superada. Apenas abafada pelo reencontro, pelas piadas ranzinzas, pelos silêncios compreendidos entre irmãos que se entendem até na dor não dita.
Em God of War Ragnarök, os irmãos estão unidos novamente. Estão lutando lado a lado. E é nesse momento de reconexão que o destino os atinge com mais crueldade.
Odin, disfarçado de Tyr, assassina Brok. Sem aviso. Sem chance.
A cena é abrupta, brutal, e tira o chão de Sindri e o dos jogadores.
Não há ressurreição. Não há magia. Não há retorno.
Dessa vez, a morte é definitiva.
Dessa vez, Sindri realmente perde seu irmão.
O que vem depois é uma das jornadas emocionais mais potentes da franquia.
Sindri se cala, se afasta, se consome.
Ele culpa Kratos. Culpa Atreus. Culpa o mundo.
Mas, acima de tudo, culpa a si mesmo.
A perda de Brok não é apenas o fim de uma relação. É o fim de seu propósito. O fim do "nós".
E o nascimento de uma versão de Sindri consumida pela dor, pela culpa, pela impossibilidade de mudar o que foi feito.
Ele não quer mais ajudar. Não quer mais acreditar.
Quer apenas sobreviver ao luto, mesmo que não saiba como.